Antes de tudo quero deixar claro que o tema escolhido para esse post é praticamente infinito e extremamente diverso, portanto irei me deter a alguns pontos, pois, do contrário, seria necessário uma dissertação!
Quando se fala em roupas africanas o que nos vem à cabeça são tecidos bem estampados, muitos adornos e muitas cores. Mas na realidade há uma grande diversidade, o qual varia de acordo com as várias etnias, religiões e regiões do continente. Além das vestimentas tradicionais, hoje a África conta com semanas de moda e excelentes estilistas.
A África é 45% muçulmana (principalmente na região central e oriental), 40% cristã, e 15% formada pelos seguidores de cultos locais, e isso faz com que haja diferenças entre as roupas usadas pelas mulheres em todo o continente. Porém, independente do toque islâmico, ocidental, ou tradicional, e da região que seja, no geral elas dividem o gosto pela cor e pelos enfeites, e dão muita importância às vestimentas.
Mulher africana de religião Islãmica.
Fonte: dreamstime.com
África tribal.
Fonte: modadirua.blogspot.com
A ÁFRICA TRADICIONAL
Depois da colonização, os africanos começaram a usar tecidos em algodão trazidos pelos colonizadores, e ainda hoje, mesmo independentes, continuam a usar fortemente tal matéria prima de baixo custo. Os tecidos tradicionais, feitos com métodos locais, com pinturas feitas com barro, é ofício de poucos e se tornaram raros e caros. Outra matéria prima bastante usada é a seda, mas seu uso é nobre, define sua posição social ou importância do evento em que se encontra.
É bem comum ver mulheres usando o "kaftan", principalmente pelas islâmicas do Senegal. O kaftan é traje tradicional que se assemelha a uma túnica, confeccionado em algodão, seda, ou tecidos que imitem a seda.
Kaftans nobres.
Fonte: afrodescendencia.hpg.ig.com.br
Fonte: neurasteniaeglamour.blogspot.com
Outro traje bastante forte na África é a "capulana". Chamada assim no Moçambique, é conhecida no Quênia como "kanga", e no Senegal como "pagne". A "capulana" é um grande lenço, bem estampado, por vezes com rostos de autoridades locais, que é usado em tudo que a mulher africana queira. Pode ser saia, vestido, sacola, posto na cabeça, ou no colo para segurar seu bebê.
As capulanas são feitas em algodão, mas antigamente eram em seda, vinda da Índia, em troca de ouro e prata. No Brasil ganhou o nome de "canga", e é uma das peças de origem africana que considero mais bonita.
Capulanas em tudo.
Fonte: greenmuntu.blogspot.com
Fonte: mulher.sapo.mz
A ÁFRICA DAS PASSARELAS
A África, apesar da imagem negativa que recebemos, conta hoje com diversos estilistas, e com semanas de moda. Alguns desses estilistas tem bastante destaque fora do continente, ou começaram trabalhando em grandes empresas européias, como por exemplo a Dior. Em novembro de 2010 aconteceu a segunda Semana de Moda de Togo, que incluiu, além dos desfiles, workshops para promover a indústria fashion local.
Em 2009, a África do Sul sediou a primeira "Africa Fashion Week", e no ano de 2010, ela aconteceu junto a Copa do Mundo, na intenção de dar maior notoriedade ao evento e a produção africana. A semana contou com a participação de vários países africanos, e o desejo é que esteja no calendário de moda internacional.
Africa Fashion Week 2009.
Moçambique também conta uma semana de moda diversificada em seus criadores, a Mozambique Fashion Week, que se encontra na sua sexta edição, ocorrida em dezembro de 2010. Dessa semana fashion escolhi uma dupla de estilistas, mãe e filha, para mostrar um pouco do trabalho delas. A escolha se deu por ter gostado muito das criações, e por achar bem adaptável a nossa realidade.
Adélia Tique cursou corte e costura em 1970, mas só apareceu de fato no mundo da moda no primeiro Mozambique Fashion Week, em 2004. Depois disso já figurou diversos eventos relacionados, e hoje deseja desfilar e montar um estudio em Paris. Sua época preferida são os anos 1980, pelo colorido, pelos brilhos e penteados, e seu estilo é o Clássico Africano. Sheila Tique é filha e braço direito de Adélia.
Eu quero! Lindo esse Adélia Tique!
Modelo Adélia Tique.
Maravilhoso!
REVISTAS
Vou "abrir um pequeno parêntese" para o ponto revistas.
Em abril de 2010, segundo minhas pesquisas, a revista Elle publicou uma revista comemorativa aos 14 anos de veiculação na África do Sul, com a modelo sudanesa Alek Wek na capa. Esse fato torna óbvio que a revista está no mercado africano a 15 anos, e contou com tops como Naomi Campbell e Gisele Bundchen. Apesar de ainda não ter com um conteúdo muito local, inclusive em relação às modelos, a Elle enxergou possíveis leitoras de moda em um continente conhecido pela miséria, ao contrário da sua concorrente Vogue, que viu nesse fato citado uma razão para não ir à África. Depois da polêmica gerada, o fotógrafo de Camarões, Mario Epanya, criou versões do que seria um Vogue africana.
Edição comemorativa aos 14 anos de Elle África do Sul.
Versões Africanas da Vogue por Mario Epanya.
CONCLUINDO
Este post surgiu após ver algumas imagens de mulheres africanas enfeitadas para o dia do seu casamento, e gostaria de passar a outras pessoas a visão de beleza desconhecida que tive. Um relevante trabalho encontrei pela frente, para evitar a superficialidade ao mesmo tempo em que me segurava para não querer falar sobre tudo. Conhecia muito pouco sobre a moda africana, e ao pesquisar me deparei com uma riqueza de informações imensa. O mais gostoso foi aprender um pouco sobre mulheres tão bonitas, mas ainda ignoradas em sua beleza.
O próximo post ainda terá "um pé" na África, mas será sobre um estilista americano com origens africanas: LaQuan Smith. Suas criações muito me agradaram, mas se colocasse ainda nessa publicação tornaria o texto ainda mais extenso.
Beijos,
Camila Farias.
